A linguagem COBOL, com mais de 60 anos, foi ressuscitada para um servidor de Minecraft.
Aparentemente nada grita mais “inovação” do que usar uma tecnologia projetada para mainframes da era dos dinossauros.
O projeto, batizado de CobolCraft, usa uma versão moderna do COBOL, baseada no padrão de 2014, provando que até mesmo fósseis podem ser ressuscitados.
A ironia?
Muitos desenvolvedores que criaram o COBOL já não estão vivos…
Mas a sua criação continua a assombrar projetos modernos.
O CobolCraft roda em Linux usando o compilador GnuCOBOL.
Uma ferramenta que levou 20 anos para ser considerada “pronta” para a indústria.
Sim, você leu certo: duas décadas para algo que só simula blocos e ping de servidor.
O servidor Minecraft oferece funcionalidades básicas: geração de paisagens, multiplayer para até 10 jogadores e comandos de console.
Mas, como era de se esperar, lidar com blocos interativos ou orientados requer “muito código especializado”.
Escrever uma pilha de IFs em COBOL é o novo hype entre desenvolvedores hipsters.
Talvez o COBOL ainda tenha seu charme, mas a escolha para Minecraft soa mais como uma piada interna do que uma solução prática.
Indo mais a fundo no Minecraft em Cobol
Os elementos básicos e interativos do Minecraft, como tochas, fogões, portas e camas, funcionam bem no servidor CobolCraft.
Porém, prepare-se para decepções: funcionalidades avançadas, como botões interativos e redstone, quase não existem.
Se sua ideia era construir circuitos complexos ou criar um PC funcional no jogo, pode esquecer.
Afinal, quem precisa de engenharia criativa em um jogo quando você pode simplesmente… abrir portas?
A redstone, que é a essência de projetos complexos no Minecraft, ficou de fora.
Mas, tudo bem, já que isso “não faz parte da jogabilidade padrão”.
Como se alguém ligasse para o que faz Minecraft ser mais que um simulador de empilhamento de blocos…
Sobre o COBOL, poucos programadores modernos se arriscaram mexer nessa relíquia que foi criada em meados do século XX para agradar o Departamento de Defesa dos EUA.
Naquela época, a ideia era uma linguagem multiplataforma e de alta performance – o que era revolucionário… em 1959.
Hoje, COBOL é mais nicho do que tendência.
Mas o CobolCraft prova que até uma tecnologia jurássica pode, com muito esforço, alimentar um projeto com milhões de usuários.
O curioso é que, mesmo com tantos jovens desenvolvedores ignorando o COBOL, a linguagem ainda sustenta sistemas críticos como os financeiros.
Ironia ou resiliência?
Talvez um pouco dos dois.
Mas sejamos francos…
COBOL em Minecraft é como usar uma máquina de escrever para enviar e-mails.
Funciona?
Até que sim.
É o ideal?
Nem de longe.
Ressuscitando o Cobol na marra…
Oleg Makovelsky, da Rosatom, afirmou que “para ser líder, é preciso ir não paralelo aos concorrentes, mas perpendicular a eles.”.
Parece inspirador, mas no mundo do COBOL, isso soa mais como..
“Vamos continuar escrevendo código no século XXI como se estivéssemos nos anos 60.”
O problema da falta de programadores que entendem essa linguagem fossilizada está grave.
Tanto que empresas estão organizando cursos especializados e criando ferramentas para traduzir automaticamente COBOL para linguagens mais modernas como Java.
Sejamos francos, ninguém quer decifrar 800 bilhões de linhas de um código que parece mais um manual de contabilidade do que programação.
Para você ter uma ideia, esses 800 bilhões de linhas, segundo a IBM, ainda estavam rodando no final de 2022.
E no final de 2023, programas escritos em COBOL ainda processavam transações bancárias na casa dos trilhões de dólares todos os dias.
É como depender de um telegrafo para gerenciar Wall Street…
Funciona mas a qualquer momento pode dar um tilt histórico.
Conhecendo a história do Minecraft
Minecraft é o queridinho da indústria de jogos e dos jogadores que se apaixonaram por cubos pixelados e mecânicas rudimentares.
Criado pelo sueco Markus “Notch” Persson e depois engolido pela Mojang Studios.
Que por sua vez foi comprada pela Microsoft em 2014 (nada escapa da fome corporativa de Bill Gates).
O game é um fenômeno relevante.
Lançado em maio de 2009 como um rascunho de ideia, sua versão completa viu a luz do dia em 18 de novembro de 2011.
E se alastrou como um vírus para qualquer plataforma que tivesse um botão para clicar.
Hoje, é o jogo mais vendido de todos os tempos, com mais de 300 milhões de cópias entregues até outubro de 2023.
Além de abrigar 140 milhões de jogadores mensais que, aparentemente, nunca se cansam de brincar de Lego digital.
No mundo de Minecraft, os jogadores são largados em um universo proceduralmente gerado e “quase” infinito.
Eles são construídos com blocos geométricos que desafiam as leis da física, mas que ninguém parece se importar.
Lá, você pode minerar, construir, destruir, lutar ou simplesmente andar por aí admirando sua incompetência arquitetônica.
O jogo oferece modos variados.
O modo sobrevivência, onde você precisa caçar, cavar e não morrer (boa sorte com isso).
O modo criativo, que dá recursos infinitos para quem quer apenas brincar de deus.
E uma infinidade de outros modos que ninguém sabe por que existem como o modo hardcore (para masoquistas) e o modo espectador (para quem não quer nem jogar).
Ah, e não podemos nos esquecer do famigerado redstone.
Uma espécie de “circuito mágico” que permite a criação de geringonças complicadas que só fazem sentido para engenheiros desempregados.
Também há criaturas bizarras, como o creeper que só existe para explodir seus sonhos e o enderman que parece uma mistura de Slenderman com um entregador relapso de móveis.
Tudo isso num mundo onde o tempo voa em ciclos de 20 minutos.
Uma metáfora cruel para a nossa realidade.
Mas Minecraft não se contenta em ser apenas um jogo.
Ele virou marca, fenômeno cultural e até ferramenta de ensino.
Por quê não usar um jogo onde um zumbi pode te matar enquanto você constrói circuitos lógicos?
As redes sociais e convenções de fãs ajudaram a popularizar ainda mais essa máquina de fazer dinheiro.
Enquanto isso os spin-offs como Minecraft Story Mode e Minecraft Legends tentaram, sem grande sucesso, capitalizar ainda mais o hype.
No final, Minecraft é isso…
Um jogo que desafia qualquer lógica convencional de design, física e bom senso, mas que conseguiu cravar seu nome na história.
É impossível ignorá-lo, seja por sua simplicidade genial ou pelo seu sucesso estrondoso.
É um dos jogos mais influentes e irritantemente onipresentes de todos os tempos.
Modo sobrevivência: pois sofrer faz bem
Bem-vindo ao Modo Sobrevivência.
Você começa como um pobre coitado desamparado, forçado a arrancar recursos da natureza na unha.
Madeira e pedra serão suas preciosidades iniciais.
Enquanto isso o jogo insinua que talvez você devesse trabalhar duro para criar blocos e itens que, quem sabe, te ajudem a não morrer na primeira noite.
E criaturas hostis brotam nas sombras para te lembrar que nem neste mundo virtual você está seguro.
Boa sorte com isso.
A barra de vida!
Ela será seu eterno lembrete de que o sofrimento está a apenas um golpe de zumbi ou a uma queda idiota de altura.
E se você achava que podia ignorar a fome, surpresa: aqui você precisa comer.
Não para “viver bem”, mas para não definhar lentamente.
E o melhor?
Se sua barra de fome zerar, diga adeus à regeneração de saúde.
Uma experiência peculiar.
Mas nem tudo é desespero.
Minecraft te dá a chance de criar armas, ferramentas e armaduras.
Claro, depois de gastar horas coletando materiais e memorizando receitas de crafting.
Progresso?
Talvez.
Só não esqueça que seus preciosos itens podem ser generosamente espalhados pelo chão quando você morre.
Isso te dá cinco minutos de adrenalina para recuperá-los antes que desapareçam para sempre.
E os pontos de experiência?
Esses servem para encantar itens e te fazer sentir poderoso por alguns minutos.
Nada como quebrar o ciclo de sofrimento com uma espada que, se tudo der certo, vai durar um pouco mais antes de quebrar.
Modo hardcore: pois sofrer muito é pouco
Se o modo sobrevivência pareceu moleza, experimente o Modo Hardcore, onde a dificuldade é no nível máximo e a morte é permanente.
Sim, você leu certo: morreu, perdeu o mundo.
Isso não é um jogo, é um testamento da sua paciência e habilidade.
Boa sorte criando apego a algo que pode sumir com um único erro.
Porque, claro, um jogo sobre blocos precisava de um conjunto de Lego.
Modo criativo: quando você desiste de sofrer
Se sobreviver não é sua praia, o Modo Criativo é o paraíso dos preguiçosos ou aspirantes a arquitetos.
Recursos infinitos, invulnerabilidade e a habilidade de voar tornam a experiência uma brincadeira de criança.
Quer construir um castelo absurdo no céu?
Vá em frente.
Aqui, não há fome, inimigos ou pressão.
Apenas o silêncio constrangedor da liberdade absoluta.
Modo aventura: agora com regras sem sentido
O Modo Aventura é perfeito para quem quer jogar nos termos de outra pessoa.
Criadores de mapas podem decidir o que você pode ou não fazer, limitando sua capacidade de quebrar blocos ou usar itens específicos.
Em resumo, você entrega sua liberdade para se divertir do jeito que eles quiserem.
Soa divertido?
Talvez.
Modo espectador: seja invisível e inútil ao mesmo tempo
O Modo Espectador te permite voar livremente e observar o mundo sem interferir.
Nada de inventário, nada de construir, nada de morrer.
Só você flutuando como um fantasma irrelevante.
Se o seu objetivo é ser um voyeur digital, parabéns, você encontrou o modo certo.
Multijogador: pois sofrer junto é mais legal
Quer compartilhar a alegria de sobreviver, construir ou morrer com amigos?
O modo multijogador te permite fazer exatamente isso.
Conecte-se aos servidores, enfrente regras únicas e participe de comunidades com jogadores que variam entre criativos, competitivos e aqueles que só querem te matar no PvP.
E se isso parecer complicado, há sempre os servidores Realms.
Uma solução paga, claro, pois nem no mundo dos blocos a comodidade é de graça.
Em resumo, Minecraft oferece opções para todos os gostos.
Sofrimento, liberdade criativa ou o caos compartilhado de mundos multijogador.
Escolha seu veneno e divirta-se!
Ou não.
O que diabos é o Minecraft Realms?
Minecraft Realms é a resposta da Mojang para a nossa eterna preguiça de configurar um servidor.
Em 2013, a empresa decidiu criar um serviço de hospedagem de servidores.
Assim, os jogadores poderiam, teoricamente, jogar com os amigos sem o incômodo de ter que mexer nas configurações ou lidar com o inferno dos endereços IP.
Claro, como tudo na vida, isso vem com um preço — e não, não é só a mensalidade cara, mas também as limitações.
Para começar, só os “convidados” podem entrar no servidor.
E quanto à customização?
Você pode até brincar com pacotes de recursos e mapas.
Mas se quiser adicionar algo interessante como plugins criados por usuários, esqueça, só no Java Edition.
E como se não fosse o suficiente para encher de frustração…
A Realms nem se preocupou em oferecer suporte à plataforma cruzada até 2016, quando finalmente cederam e lançaram uma atualização.
Ela permitiu que jogadores do Windows 10, iOS, Android, Xbox One e até Nintendo Switch se conectassem.
Demoraram um bom tempo para “permitir” isso.
Enquanto você estava ali esperando pacientemente.
O desenvolvimento do Minecraft
Agora, falando do desenvolvimento de Minecraft, a história é quase tão empolgante quanto uma odisseia.
Markus “Notch” Persson, o criador, decidiu que o mundo precisava de algo diferente.
Em vez de seguir os padrões da época, ele pensou…
“Vou criar um jogo em que o que importa não são cenários bonitos, mas mundos interativos.” .
Baseado em outros jogos como Dwarf Fortress e Infiniminer, Notch fez o que qualquer pessoa faria.
Criou um jogo de construção isométrico e tridimensional (e ainda com um quê de RPG).
O mundo estava sedento por mais blocos.
Lançado em 2009, Minecraft nasceu no fórum da TIGSource como uma versão “em desenvolvimento”.
E como se não bastasse, o jogo foi sendo atualizado, com novas versões, blocos, monstros e mudanças no fluxo da água (isso é um detalhe, mas vamos dar crédito).
A Mojang foi formada com o dinheiro do jogo, e como um bom projeto, o trabalho continuou.
Até que, em 2010, Notch decidiu fazer o que qualquer pessoa normal faria com tanto dinheiro.
Contratar mais gente e abandonar seu outro emprego.
O beta veio e foi.
E a versão completa foi lançada em 2011, o que fez a Mojang explodir ainda mais.
Tudo corria bem até que, em 2014, a Microsoft apareceu com um cheque de 2,5 bilhões de dólares e levou a Mojang e Minecraft para casa.
Isso tudo porque Notch estava “frustrado” com o cargo e queria vender sua parte do jogo.
Após a venda, ele se tornou um dos “bilionários do mundo”.
Muito justo.
Desde então, Minecraft tem recebido atualizações constantes.
A mais recente, chamada “Nether Update”, trouxe novos mobs, blocos e biomas.
Mas nada disso impediu a Mojang de lançar mais “grandes” atualizações, como a “Caves & Cliffs”.
A versão original foi finalmente renomeada para Minecraft: Java Edition em 2017.
Só para deixar claro que a Bedrock Edition estava, na verdade, se tornando a versão oficial.
Música: o talento de C418 e o som único de Minecraft
A trilha sonora de Minecraft…
Como se o jogo já não fosse icônico o suficiente, a música veio para cravar sua marca.
Criada pelo compositor alemão Daniel Rosenfeld, ou, como é conhecido, C418.
A trilha surgiu praticamente do acaso.
Ele conheceu Markus Persson em um obscuro chat IRC e, ao trocar projetos com o criador do jogo, ambos se impressionaram com o talento alheio.
Resultado?
A parceria que definiria o tom melancólico e minimalista do jogo.
C418, ao contrário de muitos que se perderiam em ego, teve humildade de aceitar dicas como a de Danny Baranowsky que o incentivou a lançar seu trabalho no Bandcamp.
Assim nasceu Minecraft – Volume Alpha, em 2011, reunindo as faixas que embalam a experiência de sobrevivência e construção no jogo.
Minimalista por necessidade – ou, como o próprio Rosenfeld declarou porque “Minecraft possui um terrível mecanismo de som”.
A trilha foi comparada ao trabalho de gigantes como Brian Eno e Vangelis.
Nostalgia pura, como descreveu The Boar.
E a jornada não parou por aí…
Volume Beta veio em 2013, expandindo o universo musical do jogo.
Enquanto isso edições físicas com vinis e CDs surgiram pela Ghostly International em 2015 para agradar colecionadores.
A música de Minecraft não é só trilha sonora.
É uma experiência emocional encapsulada.
Modificações: o coração pulsante da criatividade em Minecraft
Minecraft não é apenas um jogo; é uma plataforma para a criatividade desenfreada.
A comunidade de modders tomou as rédeas e transformou o jogo em um verdadeiro laboratório de experimentação.
Desde mods que adicionam itens e mecânicas complexas até pacotes de textura que renovam completamente a estética, os jogadores têm liberdade para moldar o mundo como bem entendem.
Enquanto na Java Edition os mods criados por jogadores reinam absolutos, as edições para consoles, como a Xbox 360 Edition, seguem a linha corporativa, limitando-se a vender os pacotes oficiais.
Apesar disso, até aqui vemos inovação: mash-ups temáticos como Mass Effect e Super Mario mostram o poder das colaborações entre franquias.
A Mojang também soube capitalizar essa energia criativa com o lançamento do “Marketplace” em 2017.
Vendido como uma “forma dos criadores ganharem a vida”, é, na verdade, uma maneira de monetizar a genialidade dos jogadores.
Qcraft: ciência quântica para iniciantes
Em 2013, o Quantum AI Lab da Google decidiu que Minecraft seria o veículo ideal para introduzir crianças à computação quântica.
O resultado foi a modificação Qcraft.
Um esforço didático para simplificar conceitos como emaranhamento e sobreposição quântica.
Blocos que desaparecem ao serem observados?
Não é mágica, é ciência quântica!
Apesar de não ser uma simulação rigorosa, Qcraft trouxe um toque acadêmico ao jogo e encontrou seu lugar em pacotes populares como FTB Unleashed e Tekkit.
É Minecraft sendo, mais uma vez, muito mais do que “só um jogo bobinho”.
Lançamentos: o império fragmentado de Minecraft
Versões para computador: quando um jogo é um ecossistema
Minecraft não se contenta em ser apenas um jogo para PC, ele se fragmenta em edições que vão desde o clássico até o experimental.
No começo, Minecraft Classic surgiu como um esqueleto do que conhecemos hoje, uma versão gratuita onde tudo era simples: criar, destruir e repetir.
Ah, mas se você acha que lava e monstros estavam por perto, está enganado.
A única ameaça aqui era a sua falta de criatividade.
Depois temos Minecraft 4K, uma curiosidade quase inútil feita para um concurso.
Imagine isso: um mundo minúsculo de 64x64x64 blocos com terra, pedra e tijolos.
Se a ideia era impressionar pelo minimalismo, parabéns, conseguiu… por 5 minutos.
Já o Minecraft: Education Edition veste o jaleco de cientista para conquistar as escolas.
Com pacotes de química e planos de aula gratuitos, ele é o queridinho dos professores que querem ensinar ciência com um toque de diversão.
Por fim, a Windows 10 Edition exclusiva da Microsoft abraça a modernidade com suporte à realidade virtual, controles variados e integração via Xbox Live.
É o Minecraft dizendo: “Jogadores do Windows, fiquem na minha bolha.”
Pocket/Bedrock Edition: o minimalismo móvel que virou gigante
Em 2011, surge o Pocket Edition, o Minecraft portátil que começou simplório, mas logo expandiu para dominar celulares, consoles e até aparelhos de VR.
O motor “Bedrock” evoluiu ao ponto de suportar praticamente tudo, do Nintendo Switch ao PlayStation 4.
O jogo foi crescendo enquanto deixava de lado o nome “Pocket”
Pois ser chamado de compacto quando você é um gigante multiplataforma é pura modéstia.
Mas não sem controvérsias.
Jogadores nostálgicos da Java Edition torceram o nariz para a nova direção mais limitada tecnicamente.
Mas sejamos honestos: o Bedrock sabe ganhar dinheiro e tem público.
Versões para consoles: Minecraft com paredes invisíveis
Minecraft chegou aos consoles como um titã contido.
No Xbox 360, os mundos tinham limites e an interface precisava de tutoriais para funcionar.
Com o tempo, melhorias chegaram, mas sempre seguindo a fórmula de “estamos quase lá”.
O PlayStation também entrou no jogo, com versões para PS3, PS4 e PS Vita, e até o Wii U recebeu sua dose de blocos cúbicos.
O destaque?
A Nintendo Switch Edition, uma das mais robustas, mas com suas peculiaridades.
Já o PlayStation 4 finalmente entrou no clube da jogatina multiplataforma em 2019, mas exigindo uma conta na Xbox Live.
Irônico não é mesmo?
Raspberry Pi: Minecraft para hackers iniciantes
Raspberry Pi é uma edição criada para quem não quer só jogar, mas hackear o jogo.
Com comandos de texto e suporte às linguagens de programação, essa versão era top para transformar blocos em aprendizado.
O vazamento antes do lançamento oficial só tornou tudo mais legal para quem curte programação.
Minecraft China: o gigante adormecido acordou
Em um mercado colossal, a versão chinesa de Minecraft decidiu ser gratuita.
Lançada pela NetEase, adaptou as edições Java e Bedrock para agradar ao público local, acumulando 300 milhões de jogadores até 2019.
Aqui o Minecraft não é um jogo; é uma força cultural.
Realidade Virtual: o futuro cúbico
Minecraft flertou com a realidade virtual, mas não sem dramas.
Depois que o Facebook adquiriu o Oculus, Notch abandonou a ideia, declarando publicamente sua aversão à gigante das redes sociais.
Felizmente, mods como Vivecraft mantiveram a chama acesa até que o suporte oficial ao Oculus Rift e Windows Mixed Reality chegasse.
Enquanto isso, versões para Gear VR e Windows 10 Edition garantiram que o Minecraft continuasse relevante em um mercado que sempre busca a próxima novidade tech.
Minecraft é um fenômeno multifacetado que se molda a cada nova plataforma.
É impossível escapar desse legado…
Recepção: o hype tomou um banho de realidade
Críticas iniciais
Minecraft, logo após seu lançamento oficial, foi abraçado pela crítica como o gênio indie que redefiniu o conceito de “fazer qualquer coisa” em jogos.
No Metacritic, o título atingiu uma média de 93/100, o que o coloca na exclusiva categoria de “aclamação universal”.
Certamente, isso não se deve aos seus visuais “em blocos” – que mais parecem um delírio de nostalgia pixelada – mas sim à liberdade criativa quase anárquica oferecida aos jogadores.
A 1UP.com chegou ao ponto de colocá-lo no mesmo altar de Super Mario Bros. e Tetris.
O New York Times viu na simplicidade do jogo uma porta de entrada para o pensamento lógico e digital de uma geração.
Os elogios “calibrados”
A jogabilidade aberta e o sistema de criação foram os pontos altos, com publicações como an Edge exaltando a Mojang por suas “ambições silenciosas” que criaram uma complexidade cativante.
Já a GameSpot destacou o equilíbrio entre exploração e construção, enquanto a PC Gamer foi direto ao ponto: Minecraft é “intuitivamente viciante e contagiosamente divertido”.
Se você gosta de música, prepare-se para a montanha-russa emocional proporcionada pela trilha sonora minimalista que a The Daily Telegraph descreveu como algo “inexplicavelmente triste e solitário”.
As críticas ‘ferozes’
Mas nem tudo são flores no mundo cúbico.
A falta de tutoriais foi uma faca de dois gumes.
Alguns críticos adoraram a ideia de jogar os novatos aos lobos (ou melhor, aos Creepers).
Já outros consideraram a introdução “pobre e preguiçosa”.
A GameSpot com um quê de frustração descreveu o jogo como “inacabado” em alguns aspectos mesmo após sair da fase beta.
E não pense que o modo multijogador escapou…
Os problemas de conexão e o esforço hercúleo para configurar os servidores deixaram muitos revisores putos.
Relançamentos aos trancos e barrancos
Com cada novo dispositivo suportando Minecraft, veio uma nova rodada de críticas.
Algumas tão afiadas quanto espadas de diamante.
As versões para PS4 e Xbox One foram elogiadas pelo salto técnico.
Outras adaptações como para o Wii U e o New Nintendo 3DS tropeçaram feio.
A IGN, por exemplo, elogiou os controles do Switch, mas não poupou críticas à falta de funcionalidades básicas como chat de voz.
Já o desastre absoluto ficou com as versões para iOS e 3DS, cujas notas no Metacritic flutuam entre “mistas ou medianas”.
E a versão do Wii U?
Considerada uma curiosidade cara que apenas justificava sua existência para quem nunca tinha jogado Minecraft em outro lugar.
No final das contas, Minecraft continua sendo uma obra-prima cultuada, mas nunca deixou de ser o que realmente é…
Uma experiência que oscila entre o sublime e o frustrante, dependendo de como – e onde – você joga.
As vendas que peitaram a indústria dos games
Minecraft virou um império sem se dar ao trabalho de passar pelo marketing tradicional.
Enquanto outros títulos gastavam milhões em publicidade, ele surgiu na surdina, sustentado por um boca-a-boca voraz e alguns acenos de mídia espontânea como a webcomic Penny Arcade.
Em menos de um mês de fase beta, lá em 2011, já tinha vendido mais de 1 milhão de cópias.
Para um jogo sem editora e com gráficos que parecem ter saído direto de 1995, isso é um tapa na cara da indústria tradicional.
Avançamos para abril de 2011, e o criador Markus Persson, o “Notch”, já estava rindo com €23 milhões no bolso vindos de mais de 800 mil vendas na alfa e mais de 1 milhão na beta.
Um ano depois, Minecraft não apenas superava 16 milhões de usuários registrados, mas já tinha 4 milhões de vendas.
Tudo isso antes do lançamento oficial.
Em março de 2012, havia se tornado o sexto jogo de PC mais vendido de todos os tempos.
Até outubro de 2014, só no PC, foram 17 milhões de cópias.
Isso lhe garantiu o título de jogo de PC mais vendido da história.
E a expansão foi meteórica.
Em 2019, o número saltava para 180 milhões de cópias vendidas em todas as plataformas.
Isso colocou o Minecraft como o jogo mais vendido de todos os tempos.
Detalhe: na China, a versão gratuita acumulava mais de 300 milhões de jogadores até o final do mesmo ano.
Até parece que alguém conseguiu resistir…
Os prêmios e os consoles mundiais do Minecraft
Nas plataformas de console, o sucesso foi brutal também.
A versão para Xbox 360 foi um hit instantâneo.
Lucrou já no primeiro dia e vendeu mais de 1 milhão de cópias em uma semana.
Até 2014, só no Xbox 360, foram 12 milhões de unidades vendidas.
E que tal o PS Vita, que explodiu as vendas de Minecraft em 79%?
No Japão, em dois meses, foram 100 mil cópias digitais.
Até janeiro de 2015, 500 mil cópias para as plataformas PlayStation.
A Pocket Edition alcançou 21 milhões em vendas — pois, claro, é preciso jogar Minecraft até no ônibus.
Em 2020, no aniversário de 11 anos do jogo, a Mojang Studios (agora com esse nome tosco) anunciou que o jogo já tinha vendido mais de 200 milhões de cópias e tinha 126 milhões de jogadores ativos todo mês.
Em abril de 2021, os números subiram para 238 milhões de vendas e 140 milhões de jogadores ativos.
Um fenômeno que se recusa a envelhecer.
Nos prêmios, Minecraft acumulou mais troféus do que espaço nos créditos.
Desde “Jogo do Ano” em 2010 até “Ainda Jogando” em 2019, passando por honrarias indie, prêmios de inovação e até exposições artísticas no Smithsonian.
Claro, no Kids’ Choice Awards, perdeu algumas vezes para bobagens como Just Dance 2014, mas isso não tira o brilho do título de “Jogo Mais Viciante” em 2015.
Os colossos culturais e críticos do Minecraft
Considerado um dos melhores e mais influentes títulos da história, ele conquistou milhões de jogadores e também o respeito de críticos ao redor do mundo.
Em 2015, a USgamer colocou-o em 6º lugar entre os “15 Melhores Jogos Desde o Ano 2000”.
No ano seguinte, a Time o classificou como o 6º “Melhor Jogo de Todos os Tempos”.
E a lista só cresce…
The Guardian o chamou de “o melhor jogo do século 21” em 2019.
A Polygon foi mais direta, afirmando que ele foi “o jogo mais importante da década”.
E, claro, até a conservadora Forbes não conseguiu ignorar, destacando que Minecraft é “sem dúvida, um dos jogos mais importantes dos últimos dez anos”.
Além disso, Minecraft não se contentou apenas com as menções: ele moldou tendências.
A Wired foi categórica ao colocá-lo como o 2º jogo mais influente da década de 2010.
E isso é um reflexo de um fenômeno que transformou a indústria para sempre.
Os impactos culturais e os efeitos colaterais
Nas redes sociais, Minecraft não só cresceu — ele dominou.
Plataformas como YouTube, Facebook e Reddit foram peças-chave na sua popularização.
Um terço dos jogadores descobriu o jogo através de vídeos, segundo a Universidade da Pensilvânia.
No YouTube, criações, paródias e tutoriais alimentaram uma verdadeira máquina de conteúdo.
Em maio de 2012, mais de 4 milhões de vídeos relacionados ao jogo já tinham sido enviados.
Influenciadores como The Yogscast e Jordan Maron (o criador de “Minecraft Style”, uma paródia de Gangnam Style) se tornaram ícones, com bilhões de visualizações e impacto direto na comunidade.
O personagem Herobrine, uma lenda urbana dentro do jogo, exemplifica o nível de engajamento dos jogadores.
Mesmo após a Mojang negar sua existência, o mito persiste como um símbolo da criatividade coletiva da base de fãs.
As referências culturais não param.
Minecraft apareceu em outros jogos como Torchlight II e The Elder Scrolls V: Skyrim, em clipes de Lady Gaga, performances de deadmau5, e até em episódios de South Park e Os Simpsons.
Os clones, imitadores e aduladores
Com o sucesso estrondoso, vieram os clones.
Títulos como Terraria, FortressCraft e Ace of Spades tentaram replicar a fórmula.
Outros, como The Blockheads, quase tropeçaram ao copiar descaradamente o estilo pixelado de Minecraft.
A lista é extensa, indo de adaptações homebrew como DScraft para o Nintendo DS até tentativas desesperadas de preencher o vácuo em plataformas como os consoles da Nintendo antes da chegada oficial do jogo.
Mesmo com essas imitações, o original continuou intocável.
A Microsoft, ao adquirir a Mojang, garantiu que Minecraft se consolidasse em todas as plataformas.
Minecraft definiu o padrão para o que significa ser relevante na era digital.
Quer sejam prêmios, influência cultural ou clones desajeitados, ele permanece, literalmente, block by block, no topo do mundo dos games.
A odisseia da desorganização e das expectativas mortas com os filmes de Minecraft
Em 2012, Minecraft ganhou seu primeiro documentário, Minecraft: The Story of Mojang, produzido pela 2 Player Productions.
Até aí, tudo bem.
Mas o verdadeiro show de horror começou com as tentativas de levar o jogo para a telona.
Em 2014, fãs tentaram financiar um filme no Kickstarter, mas Markus Persson (Notch) bloqueou o projeto.
Motivo?
O uso não autorizado da licença.
Parece que o criador do jogo não achou graça na criatividade alheia quando ela envolvia dinheiro.
Enquanto isso, Hollywood farejou dinheiro no ar e começou a bater na porta da Mojang com ideias para séries e filmes.
A empresa respondeu com uma diplomacia letal: “Só nos envolveremos quando surgir a ideia certa.”.
Tradução?
Nada.
Mas, em 2014, a Warner Bros. entrou no jogo com Shawn Levy como diretor.
Ele não ficou, pois aparentemente “visões criativas diferentes” significam “nada aqui faz sentido”.
Substituído por Rob McElhenney, o projeto parecia ganhar tração.
Steve Carell foi contratado, e um orçamento de US$ 150 milhões foi prometido.
Mas o estúdio teve um momento “ops!” quando a liderança mudou, e o filme de McElhenney literalmente “morreu na videira”.
Depois disso, foi um desfile de substituições.
Em 2019, Peter Sollett foi anunciado como o novo diretor, com uma história completamente diferente.
O lançamento, originalmente prometido para 2019, foi adiado para 2022 e, depois, para 2025.
É quase como se ninguém realmente quisesse que esse filme saísse.
As mercadorias de Lego, meias e picaretas de espuma
As benditas mercadorias.
Lego Minecraft foi lançado em 2012, com várias expansões baseadas em biomas do jogo.
E por que parar por aí?
Picaretas de espuma, camisetas, brinquedos, e até livros infantis foram jogados no mercado com força total.
Até 2012, a Mojang já havia faturado mais de US$ 1 milhão com bugigangas.
Parece que blocos pixelados vendem melhor do que ouro.
O culto MineCon
A MineCon, convenção anual de Minecraft, é onde a magia acontece (ou algo parecido).
A primeira, em 2011, em Las Vegas, atraiu 4.500 fãs ansiosos para concursos de construção, palestras e autógrafos com desenvolvedores.
Havia até mesmo uma pós-festa com deadmau5, porque, aparentemente, blocos e música eletrônica combinam.
Os ingressos sempre se esgotam em minutos, seja em Paris, Orlando, ou Londres.
A partir de 2017, a convenção virou um evento online, pois quem precisa de interação humana quando se pode assistir a tudo de casa?
Só mudaram o nome para MINECON Live em 2019 para evitar confusão com o fracasso do jogo de realidade aumentada Minecraft Earth.
No fim, seja nos filmes, mercadorias ou convenções, Minecraft mostra que, mesmo com tropeços monumentais, sua influência continua como um bloco indestrutível.
Pedro Londe
Palestrante e autor do livro “O que diabos é Gig Economy?: Como ter várias fontes de renda e aproveitar ao máximo todas as suas habilidades”